sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Parque Natural Municipal Bosque da Barra

Foto: Arquivo do PNM Bosque da Barra

O Bosque da Barra está localizado em uma região bastante peculiar. Diferente dos outros parques da Baixada de Jacarepaguá, ele está mais afastado da praia e mantém sua estrutura de Parque Natural em um ambiente onde há um fluxo intenso de carros e pessoas, cercado por shoppings, mercados, restaurantes e um hospital. A  responsável pela gestão desta importante unidade de conservação é a entrevistada de hoje, a gestora Eliana Zannini.


Foto: Arquivo do PNM Bosque da Barra 

"Nenhum de nós é mais importante que todos nós juntos." 
(Ray Kroc – Fundador do McDonald’s)


Qual a relação do parque com a comunidade ao seu redor?

Eliana -“O parque está situado no centro de uma região bastante conturbada e mesmo assim mantém o equilíbrio entre a vegetação, a fauna e todo o ambiente natural. É um lugar onde as pessoas vêm encontrar equilíbrio e paz. O ponto positivo de estar situado em uma região como esta é a visibilidade do trabalho realizado pelo núcleo atuante no parque, objetivando sua preservação. As pessoas não entendem muito bem o que é um parque natural, pois não estão habituadas a este tipo de conceito. Ele possui regras, limitações e certos cuidados para sua preservação. Estão acostumadas a parques urbanos e essa é a principal dificuldade que o parque enfrenta com relação a visitação. Por isso investimos bastante em orientação para os visitantes."

Como se dá a visitação ao parque? 

Eliana -“O parque chega a ter uma visitação de 3.000 pessoas durante o final de semana. Em geral são famílias que contam com sua estrutura e beleza  para realização de piqueniques e  passeios ao ar livre, onde podem ser observadas várias espécies de animais em um clima agradável proporcionado pela vegetação. Durante a semana a freqüência maior é de atletas, corredores, jogadores de futebol para realização de treinos. O parque também é muito procurado para gravações, fotos e reportagens, devido sua grande beleza cênica." 


Existe algum aspecto negativo ou que cause influência direta no parque devido a sua localização e por possuir uma grande  visitação? 

Eliana - "Um problema que existia era o abandono de animais, este só conseguiu ser controlado através de ações de educação ambiental. Quando ocorre algum episódio desse tipo, a própria pessoa é orientada a retirar o animal ou os guardas o fazem e os levam para o setor competente da Prefeitura, onde recebem cuidados. Além disso, o parque conta com o cercamento em todo seu perímetro o que diminui esse tipo de incidente.  Hoje uma coisa que faz falta é um esquema de sinalização mais adequado para que se possa oferecer maior informação às pessoas.”

Como se deu a criação do parque? 

Eliana - “Sou gestora do parque há 5 anos. O Plano-Piloto da Baixada de Jacarepaguá foi elaborado pelo arquiteto e urbanista Lúcio Costa no final dos anos 60. Posteriormente, o Decreto Municipal no 3.046 de 27/04/81, que disciplinou a ocupação do solo na área da ZE-5 (tendo esta Zona sido estabelecida pelo Decreto no 322, de 03/03/76), baseando-se no Plano-Piloto, determinou a área do Bosque da Barra como de preservação ambiental dos monumentos naturais tombados, visando principalmente proteger os remanescentes da vegetação de restinga, a fauna local e a paisagem natural da área. Nesse sentido, o projeto preservou quase 80% da vegetação natural da região, além de ter introduzido outras espécies não nativas. Foi nomeado parque em 1983 e Unidade de Conservação, como Parque Natural em 2003, atendendo ao SNUC de 2000.

Como é administrado atualmente? 

Eliana - "É administrado atendendo ao SNUC (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), assumindo as funções de um parque no que diz respeito a manutenção, conservação e preservação. Algumas áreas do parque foram replantadas mas a maior parte da vegetação é natural, proveniente da vegetação de restinga.  Hoje, procuramos fornecer uma gama de informações aos visitantes a fim de manter o parque conservado. Acreditamos que a educação ambiental seja o caminho para isso.”


Existe um plano de manejo?

Eliana - "Ainda não temos um plano de manejo, mas pretendemos formar um conselho gestor participativo para esta unidade, o qual dará suporte na elaboração de um plano de manejo e administração. Acredito que até o próximo ano."

Qual a contribuição do parque para essa região?

Eliana - “A principal contribuição do parque é o equilíbrio entre vegetação e temperatura o que causa a minimização dos impactos exteriores. A existência de parques naturais é muito importante por oferecer às pessoas este contato com a natureza local, a consciência de que nós não estamos sozinhos, então todos têm a co-responsabilidade, junto com o órgão que administra a unidade, de cuidar dele como cita o artigo 225 da Constituição: "Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações." Eu penso que o parque natural traz equilíbrio, conforto ambiental, além da beleza cênica. Hoje não encontramos áreas como esta nessa região, somente obras e  mais obras.”

Qual o impacto negativo sobre o Parque das obras que vem sendo realizadas no seu entorno?

Eliana - "O parque sofre muito com os impactos dessas obras principalmente por conta dos impactos nos lençóis freáticos, pois se trata de uma região de restinga alagadiça e essas agressões ao solo contaminam e até desviam ou secam a água do lençol que é responsável pelo abastecimento das lagoas da região. Somente com este impacto consegue-se agredir a todos os demais sistemas."

Arquivo do PNM Bosque da Barra






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