A viagem da delegação brasileira à África do Sul com o
objetivo de conhecer as políticas de segurança e manutenção de Parques
Nacionais, com especial ênfase para as trilhas de longo percurso, foi mais um
passo dentro da longa trajetória de cooperação entre os dois países que já dura
quinze anos.
Na última década, várias delegações realizaram
atividades de treinamento, congressos e seminários voltados à questão das
unidades de conservação nos meios urbanos. As cidades do Cabo, na África do
Sul, e do Rio de Janeiro foram alvos dessa parceria devido a sua similaridade.
Ambas compartilham características geográficas e abrigam grandes áreas verdes
em seu território, respectivamente, o Parque Nacional da Montanha da Mesa e o
Parque Nacional da Tijuca.
Teleférico da
Montanha da Mesa e Cidade do Cabo ao fundo.
A experiência da delegação brasileira neste país foi
muito oportuna para a implantação da Trilha Transcarioca, pois a Hoerikwaggo,
também de longo percurso, já se encontra em funcionamento e recebendo cada vez
mais turistas desde o fim da Copa do Mundo de 2010, que teve lugar na África do
Sul. O que mostra um legado valioso que o Rio de Janeiro pode desfrutar depois
dos grandes eventos que sediará.
A Hoerikwaggo possui pouco mais de 87 Km e ao longo de
seu percurso conta com cinco abrigos cuidadosamente planejados para combinar perfeitamente com o ambiente natural. Estes abrigos são paradas de descanso
para os turistas que decidem fazer a trilha e contam com camas, banheiros e
lugares para alimentação. Os abrigos foram estruturados com recursos públicos e
são operados diretamente pelo pessoal do Parque.
O
abrigo Smitswinkel, um dos quatro Tended Camps da Trilha Hoerikwaggo.
O acesso ao parque é controlado e o número de
visitantes registrado nas três únicas entradas. O parque possui um protocolo de
segurança diferenciado para cada tipo de trilha, que é responsabilidade
exclusiva dos guarda-parques. São cerca de sessenta homens que percorrem
diariamente todas as trilhas e estão preparados para combater ações
terroristas, traficantes, ladrões e a supressão de fauna e flora.
Trilhas
pavimentadas facilitando a locomoção dos visitantes. O equilíbrio entre
permitir a acessibilidade e reduzir nosso impacto no ambiente é tênue e deve
ser feito com extremo cuidado.
As trilhas são, em sua maioria, pavimentadas, em
função do uso massivo pelos visitantes, e a atividade do mountain bike é permitida em algumas delas. A cobrança de ingressos
se restringe a alguns pontos com maior atratividade turística, como a colônia
de pingüins-africanos que se instalou em 1982 em Bolders Beach, uma praia
abrigada composta por pequenas enseadas entre rochedos de granito.
Colônia de Pinguins.
Durante a trilha existem diversos mirantes para a
cidade do Cabo e às praias e montanhas do parque. No caminho observamos a
simplicidade da sinalização, a rusticidade no uso de materiais e o manejo que
viabiliza seu uso para pessoas com alguma restrição física. Foi possível
observar o padrão e a intensidade da sinalização, que assim como a Transcarioca
também utiliza totens com o logotipo da trilha. Os totens são utilizados apenas
em bifurcações ou quando não há bifurcações em trechos muito longos. Áreas de pic-nic e um plano inclinado no Cabo da
Boa Esperança que permite a visita ao seu antigo farol também foram visitados.
Exemplo de Totem da Trilha na
África do Sul. Sinalizações semelhantes já estão sendo implantadas na nossa
Transcarioca.
Por fim, todas as atividades relativas ao
planejamento, organização e implementação relacionadas ao aumento da visitação
e à segurança das unidades de conservação que compõe o Parque foram discutidas
em conjunto com a Prefeitura da Cidade do Cabo e demais instituições envolvidas,
gerando planos de evacuação, gestão de desastres, coordenação de tráfego,
comunicação e mídia, e áreas de responsabilidade mútua, o que permitiu que o
Parque Nacional da Montanha da Mesa e a Trilha Hoerikwaggo se tornassem
referências mundiais na gestão de unidades de conservação.
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