quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O Papel das Trilhas de Longo Curso na Gestão de Ucs




Parque Natural Municipal de Grumari. Vista da restinga da Marambaia desde a Pedra do Telégrafo. O Parque é parte do projeto Mosaicos Cariocas. Foto: Cláudio Machado/Mosaico Carioca

((o))eco - 8/12/14


No ano de 2013, quando me tornei conselheiro do Mosaico Carioca de áreas Protegidas, comecei a refletir sobre a importância dos mosaicos de áreas protegidas enquanto poderosas ferramentas para trazer os conflitos socioambientais da região para o centro do debate, e transformar estes debates em possíveis soluções. Esta perspectiva vem muito ao encontro de minha atuação como educador ambiental no Instituto Moleque Mateiro.

Segundo Isabel Carvalho (MMA, 2004, 19):

"... sem reduzir as "educações ambientais", nem desconhecer a disputa pelos sentidos atribuídos ao ambiental numa esfera de relações em que há lutas de poder, a educação ambiental segue o traçado da ação emancipatória no campo ambiental, encontrando na tematização dos conflitos e da justiça ambientais um espaço para aspirações de cidadania que se constituem na convergência entre as reivindicações sociais e ambientais."
Segundo a lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, um Mosaico de Áreas Protegidas é

"um conjunto de unidades de conservação de categorias diferentes ou não, próximas, justapostas ou sobrepostas, e outras áreas protegidas públicas ou privadas, constituindo um mosaico, a gestão do conjunto deverá ser feita de forma integrada e participativa, considerando-se os seus distintos objetivos de conservação, de forma a compatibilizar a presença da biodiversidade, a valorização da sociodiversidade e o desenvolvimento sustentável no contexto regional."
Logo se observa em sua concepção teórica um campo para debates e reivindicações de diversos atores sociais, pois visa compatibilizar a preservação da biodiversidade com a preservação cultural e econômica da região onde se encontra.

Se observarmos o decreto Nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, que regulamenta artigos da lei acima mencionada, veremos que os mosaicos têm, entre outros, os atributos de propor diretrizes e ações para compatibilizar, integrar e otimizar, as atividades desenvolvidas em cada unidade de conservação e a relação com a população residente na área do mosaico.

Mosaicos integrados

A ferramenta formal de gestão dos mosaicos de áreas protegidas é um conselho gestor, formado por diversos atores sociais de um território amplo, em que se inserem diversas categorias de áreas protegidas (não só UC) e que possuem diversos atores com vulnerabilidades ou conflitos socioambientais, alguns em comum, outros dizendo respeito a apenas alguns atores, mas todos afetando a área do mosaico. Trazer os conflitos para o centro do debate e uma boa estratégia para achar as respostas mais adequadas para soluciona-los.

Segundo Pisatto et al: (2012, 85)

"A educação ambiental direcionada à comunidade tem como objetivo o desenvolvimento de atividades e práticas educativas ao longo de toda a vida do indivíduo, que o sensibilize sobre as questões ambientais e as consequências destas sobre a qualidade de vida da comunidade, constituindo um processo permanente de formação, para que os indivíduos atuem como formadores de opinião em suas comunidades."
"A educação ambiental direcionada à comunidade tem como objetivo o desenvolvimento de atividades e práticas educativas ao longo de toda a vida do indivíduo, que o sensibilize sobre as questões ambientais e as consequências destas sobre a qualidade de vida da comunidade, constituindo um processo permanente de formação, para que os indivíduos atuem como formadores de opinião em suas comunidades."

Com isso a educação ambiental pode e deve ser uma ferramenta de fortalecimento dos mosaicos, ao propor projetos e atividades de curto, médio e longo prazo dentro da área de atuação de seu conselho gestor que, segundo o mesmo decreto já citado tem "caráter consultivo e a função de atuar como instância de gestão integrada das unidades de conservação que o compõem."

As trilhas de longo curso são um ótimo exemplo de ferramenta de gestão territorial que podem se tornar palco de diversas ações de educação ambiental. Segundo Loureiro, Azaziel e Franca, 2007: "O mais importante na administração de UC é que o conjunto da socieda­de possa ter benefícios com elas e meios para fiscalizar e decidir sobre seu uso, num planejamento participativo de fato, e não apenas de direito." Uma trilha de longo curso vem auxiliar exatamente por ser um elemento "tangível" do território, em que todos conseguem perceber os seus benefícios e atuar junto ao Mosaico para que estes sejam efetivados e potencializados.

As Trilhas de Longo Curso como Elemento de Fortalecimento do Mosaico

Ao se pensar em educação ambiental como ferramenta para o fortalecimento de mosaicos, as trilhas de longo curso são uma possível estratégia de união de todas as UC do Mosaico e de emponderamento e fortalecimento dos atores sociais envolvidos nas mesmas.

Ao fazer uma trilha que pode chegar a milhares de quilômetros, passando por diversas UC, conseguimos que seus gestores pensem juntos em estratégias de uso público nas mesmas e dessa maneira o debate sobre estas estratégias perpasse para o conselho, que obrigatoriamente tem representatividade de lideranças das comunidades do entorno do mosaico. Assim unimos a participação comunitária e a articulação institucional através de um projeto que fortalece a pesquisa, a educação ambiental, a geração de renda e a construção de um relacionamento saudável com as comunidades e as UC integrantes do mosaico.

Segundo Ernesto Viveiros de Castro, atual gestor do Parque Nacional da Tijuca:

"Entre as diversas iniciativas internacionais que buscam viabilizar a conexão entre áreas protegidas, uma se destaca pelo envolvimento da sociedade e resultados concretos de proteção e recuperação de corredores: são as trilhas de longo curso. Às vezes com milhares de quilômetros, essas trilhas permitem que uma pessoa percorra a pé grandes trechos em ambiente natural, conectando diversas áreas protegidas e conquistando milhares de parceiros para os esforços de conservação." (Castro,2014).
Em uma trilha de longo curso conseguimos, de maneira democrática trazer recursos para a região, priorizando o fortalecimento da economia local. A partir do aumento do turismo, podemos aumentar a pressão popular pela conexão de áreas desconectadas, fortalecendo assim os corredores ecológicos e auxiliar a fiscalização das UC presentes no mosaico pelos próprios visitantes desta trilha.

A trilha como UC

Este é um ponto importante de ser citado: No decreto nº 4.340, de 22 de agosto de 2002, ele afirma, no seu artigo 11, que "os corredores ecológicos, reconhecidos em ato do Ministério do Meio Ambiente, integram os mosaicos para fins de sua gestão." Logo, no caso de UC desconectadas, podemos pensar na trilha de longo curso como uma UC específica, na categoria de um corredor ecológico, com governança própria e sobrepondo e conectando as UC do mosaico e sendo parte deste como as outras UC.

A partir desta perspectiva, uma trilha pode cruzar uma área inicialmente sem UC, priorizando áreas protegidas, e tornando-se ela própria uma UC, com sua legislação, governança e plano de manejo próprio, respeitando, claro, as superposições com outras UC.

Nos Estados Unidos, onde diversas trilhas como esta já existem, elas foram consideradas, em 1968, uma categoria de área protegidas regida pelo decreto National Trail System Act. Este sistema prevê a possibilidade de 4 diferentes trilhas: históricas, recreativas, cênicas e de conectividade entre outras trilhas de longo curso. Em Portugal temos o exemplo da Rota Vicentina, que, segundo Marta Cabral

"Em estreita parceria com as entidades públicas do ambiente, do turismo e de gestão local, a trilha de longo curso "Rota Vicentina" foi lançada em 2012; é ainda um projeto recente e em plena afirmação, mas já com a certeza de que veio para ficar. Hoje reúne mais de 100 micro-empresas familiares numa rede de trabalho que pretende afirmar o Sudoeste de Portugal como destino internacional de turismo de natureza, garantindo a sua sustentabilidade econômica, social, cultural e, sobretudo, ambiental."
Portanto, a elaboração de possíveis ações de educação ambiental que visem o empoderamento dos diversos atores sociais presentes na área de um mosaico de áreas protegidas, para que os mesmos sejam presenças atuantes nas decisões políticas e econômicas que afetam a todos é um caminho possível para almejar o fortalecimento econômico e cultural das comunidades e municípios. Uma trilha de longo curso vem fortalecer este movimento ao permitir um olhar geral sobre o território do mosaico, para além das UC, e o envolvimento direto e efetivo dos diversos atores sociais presentes em sua área.

*Francisco Schnoor é diretor do Instituto Moleque Mateiro de Educação Ambiental.



Fonte: http://www.oeco.org.br/convidados/28820-o-papel-das-trilhas-de-longo-curso-na-gestao-de-ucs


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Matéria do ((o))eco sobre o mutirão da Transcarioca

((o))eco - 17/09/14
Montanhistas, trilheiros de primeira viagem, crianças e estrangeiros. A Trilha Transcarioca tem espaço para todo mundo, inclusive para a equipe de ((o))eco, aproveitou para cobrir as histórias do grande mutirão que ajudou a sinalizar esta trilha que corta a cidade do Rio de Janeiro da Barra de Guaratiba até o Morro da Urca. Em um belo domingo, cerca de 600 voluntários trabalharam no Mutirão.

Uma figueira de perder o rumo, por Eduardo Pegurier
Os membro da equipe de ((o))eco contaram, cada um do seu jeito, um pouco do que viram no mutirão, das situações que viveram e das pessoas que encontraram nas trilhas.
As lições da Transcarioca, por Paulo André Vieira
O trecho Primatas - Paineiras da Trilha Transcarioca, para alguém que já subiu os 4800 metros do Mont Blanc, localizado na divisa entre a Itália e a França, é uma brincadeira de criança. Isto posto, pense duas vezes antes de tentar acompanhar Marcio Carrilho, 46, que há cerca de um mês alcançou o ponto culminante da Europa Ocidental e também participava do Mutirão de sinalização da Trilha Transcarioca. Foi uma lição que aprendi enquanto esperava que minhas pernas recarregassem as baterias e observava sentado as belezas do Parque Nacional da Tijuca.
Os primeiros trechos da trilha foram bem tranquilos, o ritmo ditado tanto pelas paradas para que os voluntários aprendessem a aplicar a sinalização utilizando o estêncil (molde recortado em plástico duro) com a logomarca da trilha em rochas e árvores, quanto pela equipe de televisão que rodava uma reportagem sobre o mutirão. Este primeiro trecho é bem movimentado. É frequente cruzar com famílias subindo em direção à Cachoeira dos Primatas, um belo ponto para aproveitar o calor daquele domingo carioca. A vista do Mirante da Lagoa também recompensa quem percorre este trecho da trilha, onde eu e minha Nikon FM10 "de filme" chamaram a atenção de alguns companheiros de mutirão.
    
A partir do mirante as paradas eram menos frequentes, os voluntários seguindo na frente dos guias para treinar os olhos e escolher os melhores lugares para aplicar a sinalização. Durante minha adolescência andei muito pelo meio do mato na fazenda de meu pai para aproveitar alguma cachoeira, conhecer uma nascente de rio, ou simplesmente pra chegar do outro lado de algum morro. Caminhos nem de perto tão limpos ou contando com qualquer tipo de sinalização, mas que acostumaram meus olhos a enxergar a trilha e me deixaram seguro de estar no rumo certo.
Sem fôlego (ou pernas) para encarar a descida de volta ao Parque Lage, o som do trem do Corcovado e a visão familiar das Paineiras surgindo por entre as árvores foi o suficiente para dar a injeção de adrenalina necessária para vencer os últimos metros da jornada. Um copo de mate gelado depois, a bela vista da cidade registrada nas últimas poses do filme Kodacolor 200 e com o ingresso da van de descida na mão, dei por encerrada minha aventura Transcarioca, já com planos de voltar um dia, com um preparo físico mais condizente, e conferir a sinalização que os colegas de mutirão fizeram no trecho de decida.
As diversas mãos por detrás das pegadas da Transcarioca, por Duda Menegassi
Domingão de sol no Rio de Janeiro e os cariocas que não foram pra praia estavam nos parques da cidade, desses, muitos foram para a Floresta da Tijuca. Lá, os visitantes espiavam com curiosidade um grupo de 14 pessoas vestidas com blusas brancas e dedos amarelos. Agachados no asfalto ou na ponta do pé apoiados nos postes, voluntários pintavam com as mãos as pegadas da Transcarioca que irão sair do seu habitat natural de floresta e passearão pelo cimento. O trecho entre trilhas sai do setor da Floresta, no Parque Nacional da Tijuca, e leva até a trilha do Amado Nervo, no setor Serra da Carioca.
O mutirão de sinalização da Transcarioca espalhou cerca de 600 voluntários por trechos que irão constituir a trilha de longa curso que corta o Rio de Janeiro. A multidão voluntária tinha desde “trilheiros” engajados e experientes, até pessoas que se arriscavam na mata pela primeira vez. Luciana Pereira era uma dessas “trilheiras” de primeira viagem, denunciada pelo seu tênis All Star e óculos de perua. Contagiada pelo seu marido, que é brigadista no parque, ela estava animada com a oportunidade de conhecer melhor a floresta. “Quando você conhece, você divulga, chama as pessoas, e dá mais valor à preservação do patrimônio”, disse.
  
Teve também quem veio de fora só para ajudar no mutirão. Os paulistas, Rita Zanetti, Davis Santana e Ana Paula Bechara, nunca tinham vindo ao Rio, e só vieram para engrossar a mão de obra em prol da Transcarioca. Nada de Corcovado e praia de Ipanema, o Rio lhes foi apresentado a partir da Floresta da Tijuca. E muito bem apresentado, por sinal. Os três nunca tinham feito voluntariado em parque, mas vão levar para São Paulo a satisfação em ajudar esta causa. “Os voluntários ajudam a viabilizar um serviço que às vezes falta, e quem faz curte, não é uma coisa chata. É um lugar que a gente usa, que a gente gosta”.
Nem todos os voluntários conheciam previamente os planos da Transcarioca e seus 180 quilômetros de extensão, mas todos sonhavam com o dia em que poderiam completá-la, de Barra de Guaratiba ao Pão de Açúcar. No meio do caminho poderão orgulhosamente apontar para uma das pegadas amarelas que confirmarão que estão na direção certa e dizer “fui eu que fiz”. Ana Luiza Cavalcanti, de apenas 9 anos, afirma rápido quando pergunto se ela pretende completar a Transcarioca. A criança que cresceu em trilhas, não tem dúvida sobre sua parte favorita: “no final, poder entrar na cachoeira”. Não se preocupe, Ana, no caminho das pegadas da Transcarioca não faltarão cachoeiras para você.
E lá estava ela à minha frente: a figueira centenária, com direito a placa e tudo. Depois de cerca de duas horas acompanhando o mutirão de sinalização da Transcarioca, a figueira parecia conversar comigo. "E aí, gostando do passeio? Você imaginava que ia encontrar árvore tão imensa e frondosa no seu caminho e ao mesmo tempo tão perto do coração da cidade?" Tratava-se de uma árvore vaidosa, não há dúvida. Mas com razão, pois nesse momento, caminhando sozinho e afastado dos grupos, não consegui deixar de parar e admirá-la por minutos, antes de seguir e… me perder do destino almejado.
A caminhada havia começado no fim da Rua Sara Vilela, no Jardim Botânico. Uma rua de mansões que devem ter uma vista espetacular da Lagoa Rodrigo de Freitas e, por cima dos prédios, do mar de Ipanema. Lá, no fim da rua, estava a placa indicando o caminho para a Cachoeira dos Primatas, uma caminhada descrita como "leve".
 
Ao entrar na trilha, logo à frente, encontro com Pedro Menezes, idealizador da Transcarioca, e Christiano Brandão, monitor do Parque Nacional da Tijuca, os dois concentrados em fazer novas marcações e reforçar as antigas. Logo, fomos alcançados por dois voluntários do mutirão: Bernardo Senra, 25, e Eduardo Azevedo, 23. Os dois amigos eram experientes em fazer trilhas na região serrana do Rio e também conheciam as mais clássicas do Parque Nacional da Tijuca, como a trilha da Pedra da Gávea, Pico da Tijuca e Corcovado. Foram logo postos para trabalhar, e não escondiam a satisfação de participar do evento. Depois de penar um pouco com a primeira ou segunda marcação, rápido pegaram o jeito de escolher um bom lugar nas árvores e pedras do caminho para as marcações em forma de botinha ou de seta.
Pedro puxou uma escova de metal e mostrou como "reavivar" uma antiga marcação sem precisar refazê-la. Basta escovar a pedra. Mais um truque aprendido pelos voluntários. Na sequência, fomos ultrapassados por um grupo de quatro andarilhos bem jovens e aloirados. A menina que liderava perguntou a Pedro: "A trilha tem site?". Ele respondeu: "Ainda não". E completou, "Você é francesa". A moça resmungou de volta, "Como você sabe?", "Ora, porque você tem sotaque". Pelo tom da resposta, ela já se considerava uma perfeita carioca.
Ao longo do caminho, encontramos conhecidos, falamos um pouco de política, muito sobre o futuro da Trilha Transcarioca, e fomos cruzando com voluntários e frequentadores que saíram de casa sem imaginar que se misturariam a um mutirão de 600 participantes determinados a sinalizar a trilha no melhor padrão.
 
Christiano tem aquela atitude de mateiro, de quem já acumulou muita quilometragem de trilha fechada e não teme obstáculos. Dito e feito. Ele carregava um enorme facão. No meio do caminho surgiu uma árvore caída e atravessada no caminho, com um caule de uns bons 10 ou 15 cm de diâmetro. Não era qualquer galinho. E foi vapt, zupt. No tempo em que olhei pro outro lado, distraído com a paisagem, sob os olhares pasmos de vários presentes, Christiano cortou com o facão o pedaço do caule que barrava a passagem e limpou o caminho.
Nesse ponto, deixei o grupo e tentei alcançar um amigo que havia disparado na frente. Encontrei a figueira centenária e parei encantado. Acabei errando numa bifurcação que, diga-se, precisa de uma placa nova.
Em vez de chegar ao Parque Lage, acabei a 400 metros de altura, na Estrada das Paineiras. Meia hora depois, de van que leva e trás turistas para o Cristo, estava de volta ao Cosme Velho. Morto, mas feliz. Aquele tipo de felicidade que vem do esforço físico, de encontrar camaradas, pegar sol e se surpreender. Foi necessário um sorvete, um cachorro-quente de carrocinha e uma cerveja (nesta ordem) para recuperar as energias. Estava de volta à cidade, que no fundo é uma extensão das suas florestas, montanhas e mares. É um luxo de carioca viver em uma metrópole tão perto da natureza. Aproveitei e passei o fim do domingo jogando sinuca.
fonte: http://www.oeco.org.br/blog-do-wikiparques/28654-o-eco-no-mutirao-da-transcarioca

terça-feira, 11 de novembro de 2014

De 8 a 12 de novembro, O XVIII CBAU acontece no Rio!




O XVIII Congresso Brasileiro de Arborização Urbana – XVIII CBAU, pretende incentivar a reflexão sobre a relação entre cidades, pessoas e árvores a partir da troca de experiências e de conhecimento dos profissionais que planejam, implantam e mantém a arborização urbana. Este encontro se dá na Cidade Maravilhosa,  onde a natureza não faz apenas parte do cenário, mas integra a imagem do Brasil para o mundo.

As discussões neste debate abordam os três eixos principais e representativos para enfrentarmos o momento atual de crescimento das cidades: O Planejamento e Gestão das Florestas Urbanas, indispensável para a elaboração de novas metodologias voltadas para a resiliência e sustentabilidade urbana; Tecnologia Aplicada à Silvicultura Urbana, destinado para divulgação dos procedimentos de manejo florestal para a melhoria vegetal e Política, Legislação e Educação, para proteção das árvores urbanas.


segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Circuito Tela Verde recebe vídeos socioambientais para a 6ª edição

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) já está recebendo vídeos com a temática socioambiental para compor a 6ª Mostra Nacional de Produção Audiovisual Independente, do Circuito Tela Verde. As produções podem ser enviadas até 20 de dezembro. A proposta da mostra nacional é divulgar e estimular atividades de educação ambiental, participação e mobilização social por meio da produção independente audiovisual.
Os vídeos podem ser documentários, curtas, vinhetas, animações e produzidos a partir de filmadoras, câmeras de celular, digitais ou qualquer outro equipamento que capture imagem e som. Escolas, redes de meio ambiente e educação ambiental, estruturas educadoras, entidades da sociedade civil, comunidades e produtores podem participar. Os vídeos selecionados farão parte de um kit composto também por cartazes e orientações para realização da mostra. Receberão este material as instituições interessadas em exibir os filmes, chamadas de espaços exibidores, que são cadastradas por meio de chamada pública no site do MMA.
Critérios - Os interessados devem entrar na página do Circuito Tela Verde e preencher as fichas de cadastro e dados dos filmes. Também deverão assinar um Termo de Cessão de Direitos. Esse termo, juntamente com o vídeo em formato DVD (extensão .VOB), devem ser enviados ao Departamento de Educação Ambiental do MMA (Esplanada dos Ministérios, Bloco B, 9º andar, sala 953, CEP: 70.068-901, Brasília-DF). A participação no programa é voluntária. Não serão selecionados vídeos que já participaram de outras edições. Serão escolhidos, no máximo, dois vídeos por instituição, exceto curtas.
Os critérios de classificação dos filmes incluem: clareza nas informações sobre o vídeo, impacto do filme, abordagem crítica, qualidade de áudio e vídeo, potencial do vídeo para ser aproveitado em processos de educação ambiental, com duração de até 30 minutos, produzido nos últimos dois anos e filmes que possuam legenda ou outros recursos que contribuam para a inclusão de públicos específicos.
Inovação - O Circuito Tela Verde é uma iniciativa dos ministérios do Meio Ambiente e da Cultura. A ação atende à demanda por materiais pedagógicos multimídias sobre a temática socioambiental. Cada mostra contou com mais de mil espaços exibidores em todo o país, além de algumas localidades no exterior.
As edições anteriores já exibiram 200 filmes e já foram distribuídos cerca de cinco mil Kits. O público do circuito é composto, em geral, por estudantes de todos os níveis – fundamental, médio e superior – professores, ambientalistas, servidores públicos, representantes de movimentos sociais, técnicos e funcionários de instituições ou empresas privadas. (Fonte: MMA)

http://noticias.ambientebrasil.com.br/clipping/2014/11/01/110107-circuito-tela-verde-recebe-videos-socioambientais-para-a-6%C2%AA-edicao.html

Curso de sustentabilidade do MMA abrirá turma no Rio de Janeiro

O Ministério do Meio Ambiente (MMA) abre 50 vagas para o Curso de Sustentabilidade na Administração Pública que será realizado no Rio de Janeiro, de 5 a 7 de novembro. O objetivo da capacitação é promover a responsabilidade socioambiental nos órgãos públicos. As inscrições são gratuitas e poderão ser realizadas a partir de segunda-feira (27).
Os participantes terão direito a um certificado ao final da capacitação. Eles aprenderão sobre como gerenciar projetos, construções sustentáveis, eficiência energética, eficiência no uso da água, gestão de resíduos (plano de gerenciamento), qualidade de vida no ambiente de trabalho, sensibilização e capacitação dos servidores, análise do ciclo de vida e licitações sustentáveis.
Novos hábitos – Os temas fazem parte do programa Agenda Ambiental da Administração Pública (A3P), que visa estimular a reflexão sobre a responsabilidade socioambiental e a mudança de atitude no ambiente de trabalho. Os cursos ministrados pelo país têm o objetivo de reforçar a implantação do programa nas instituições. O local de trabalho é um ambiente que requer consciência sobre o uso de recursos naturais e bens públicos. A agenda ensina a usá-los de forma econômica e racional. O programa também estimula a gestão adequada dos resíduos e a realização de compras sustentáveis.
Os interessados devem enviar um e-mail para a3p@mma.gov.br contendo nome completo, órgão, setor, telefone e e-mail. As inscrições ficam abertas enquanto restarem vagas. Podem participar gestores públicos e servidores de qualquer órgão da administração pública das esferas federal, estadual e municipal. Só será permitida a inscrição de até dois servidores por órgão. O curso será realizado no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, localizado na Avenida Erasmo Braga, nº 115, 4º andar, Centro (RJ), no Auditório Nelson Ribeiro Alves. (Fonte: MMA)

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Unidades de Conservação do Mosaico Carioca

Algumas Unidades de Conservação que compõem o Mosaico Carioca de Áreas Protegidas estão passando por um processo de recategorização, tanto para compatibilizar sua gestão com a real dimensão da área, quanto como estratégia de conservação. Este é o mapa mais recente do Mosaico Carioca, feito por nossa estagiária Vivian Silva.



quarta-feira, 11 de junho de 2014

Redescobrindo caminhos, a importância dos corredores verdes para a conservação.

O Mosaico Carioca de Áreas Protegidas apoia e desenvolve o Projeto Corredores Verdes. Iniciado em novembro de 2011, o projeto conseguiu em pouco tempo transformar a paisagem do Canal das Taxas. A região que antes convivia com problemas como o despejo inadequado de lixo e esgoto, espécies exóticas, inúmeros acidentes com a fauna local, aterros, desmatamentos e ocupação irregular, já respira novos ares.

Desde o início, a equipe do Centro de Referência em Educação Ambiental de Marapendi vem realizando um trabalho de conscientização sobre a importância dos corredores verdes para a cidade com a produção de folhetos de educação ambiental e sobre a despoluição do Canal das Taxas, além de receber e avaliar as sugestões e reclamações dos moradores do entorno.

O trabalho de educação ambiental foi essencial para a construção do diálogo com a população local e os visitantes dos parques.

Para o trabalho de limpeza e manutenção do corredor contamos com a ajuda indispensável dos Garis da Comlurb.


Localizado entre os Parques de Marapendi e Chico Mendes, o Canal das Taxas foi o primeiro passo de um projeto que prevê a integração de todas as Unidades de Conservação do Mosaico Carioca através de Corredores Verdes.

 Capivaras dentro do corredor verde, permitindo a passagem da fauna sem conflitos com a população.


Ipê-rosa, lindo exemplar da nossa Mata Atlântica.

Este reconectar de fragmentos vegetais é extremamente importante à medida que possibilita que aves, insetos e até mesmo mamíferos da nossa mata atlântica possam realizar seus fluxos de migração entre as Unidades de Conservação. Isto permite que populações de fauna e flora de muitas espécies ameaçadas da Mata Atlântica aumentem seu potencial de dispersão. Fenômenos como a polinização e a dispersão de sementes, que são essenciais para o ciclo de vida de muitas plantas e insetos, serão favorecidos e aumentarão o potencial de ocupação dessas espécies.



Imagem da interação dos visitantes com a fauna. Lembrando sempre de não alimentar os animais silvestres, pois eles não possuem defesa e aparato digestivo adequados à nossa alimentação, podendo levá-los a morte por doenças transmitidas por nós mesmos.

Hoje, já temos implantados mais de dois quilômetros de corredores verdes comunicando o Chico Mendes e o Marapendi, que conta ainda com ciclovias e a construção de um espaço, a Praça da Capivara, que é destinada aos visitantes do parque e à Educação Ambiental. Nossos esforços se concentram, agora, na implantação do Corredor Verde que comunicará o Parque Chico Mendes e o Canal do Rio Morto e no planejamento da terceira etapa, Chico Mendes-Prainha.

Ciclovias junto ao corredor, a população é convidada a usufruir desse novo espaço.

Mapa do projeto Corredores Verdes com o trecho 1 completamente implantado.


O Mosaico Carioca de Áreas Protegidas se orgulha deste projeto e agradece os esforços e dedicação de Silma C. Santa Maria e equipe, além dos voluntários e moradores da região que abraçaram esta causa.

Ilha usada pelo nosso morador mais ilustre, o jacaré-de-papo-amarelo.

Grande parte do cercamento do corredor verde foi feito com toras, garantindo sua harmonia paisagística.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Disque Denúncia cria canal específico para crimes ambientais

O Disque denúncia criou recentemente o Programa Linha Verde, em parceria com a Secretaria de Estado do Ambiente, para receber e dar seguimento às denúncias de crimes ambientais. Como o anonimato da ligação é garantido, a iniciativa pretende aumentar o número de denúncias, que atualmente atinge a marca de 7,2 mil por ano entre crimes contra a fauna e flora, ameaças às Áreas de Proteção Permanente e Unidades de Conservação, e outros.
O telefone é 0300 253 1177 e o custo é o de uma ligação local. Ele recebe denúncias de todo o estado do Rio de Janeiro e também de outros estados do país.

(Via Agência Brasil - http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2014-06/disque-denuncia-cria-programa-para-combater-crimes-ambientais)

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Quênia, uma viagem para a Conservação - Última Parte

A visita ao Kenya Wildlife Service (KWS), em Nairobi, no Quênia, foi a última parada da delegação brasileira no continente africano. O crescimento populacional em Nairobi experimenta um ritmo acelerado e, por isso, a pressão urbana nas áreas naturais estrangula os corredores de passagem dos animais. Além disso, o Parque Nacional de Nairobi sofre com efeitos diretos do aquecimento global, que em poucos anos reconfigurou o perfil climático da região gerando novas áreas alagadas, bem como a conversão de antigas áreas chuvosas em zonas secas. Tudo isso torna a região susceptível ao aparecimento de espécies invasoras e supressão das nativas.

Existem ainda problemas com a saída de animais para a cidade, mas o KWS possui um serviço de resgate 24h, rápido e eficiente, acessado facilmente por telefone pelo cidadão, que localiza o animal e aguarda o resgate, participando ativamente deste “cuidado” com o Parque. A fiscalização é realizada pelos rangers (guardas-parque), que é feita de carro, a pé ou a cavalo. Eles também possuem cães, que farejam o marfim, e unidades de segurança e combate a incêndios treinada pelo CBMERJ, unidade de bombeiros do Brasil/RJ.

O KWS atua com outras unidades de monitoramento e segurança, como a Interpol, EARCO, LUSARA, Agreement e CITES. Possuem um banco de dados que reúne toda a informação sobre o crime ambiental e utilizam um software que está apto para rastrear vários tipos de caçadores e relacioná-los com grupos específicos ou não. Também utilizam informantes locais para o combate à caça e a prisão de caçadores, investem em treinamento e logística e pagam pela informação, desde que a mesma leve a uma ação efetiva.

Apresentação do Departamento de Inteligência do KWS.

Durante o encontro também foi realizada uma mesa de apresentações chamada Friends of Nairobi National Park, onde foram relacionadas as especificidades de se manejar um parque urbano: os casos dos PN Nairobi, PN da Floresta da Tijuca e Parque Estadual da Pedra Branca foram discutidos e muito pôde ser trocado, auxiliando no crescimento tanto brasileiro quanto queniano. Discussões sobre políticas de ecoturismo, incluindo terceirizações de hotéis, lodges, áreas de acampamento, estrutura de cobrança de ingressos, cartão fidelidade e treinamento de pessoal emergiram neste encontro.

Realização das mesas de apresentação das experiências dos parques africanos e brasileiros.

Estes e outros registros da nossa viagem estão no álbum de fotos da Página do Mosaico Carioca no facebook.

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.545055418920701.1073741830.369846313108280&type=3

https://www.facebook.com/media/set/?set=a.546407148785528.1073741831.369846313108280&type=3

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Associação de Amigos do Mosaico Carioca


O Mosaico Carioca de Áreas Protegidas conta com a parceria da ong Associação de Amigos do Mosaico Carioca (AAMC) para apoio e desenvolvimento de atividades de conservação das UCs integrantes do projeto, otimizando a interação entre elas e a sociedade.
A promoção de caminhadas, cursos e mutirões está na agenda da AAMC que sempre divulga eventos e notícias relacionados à conservação do meio ambiente na capital fluminense.

Conheça a Página da AAMC no Facebook e apoie a Associação!

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Presidente do IBASE destaca a importância dos mosaicos

Há um ano o Ibase está engajado num projeto que tem como preocupação central o fortalecimento de Mosaicos da Mata Atlântica.
Trata-se de uma ação em parceria com Conselhos de Gestão, SEAM/SEA, INEA, FUNBIO, para fortalecer os Mosaicos da Mantiqueira, Carioca, Bocaina, Central Fluminense e Mico Leão Dourado, criados pelo Ministério do Meio Ambiente. Mas, para além das questões operacionais envolvidas, é importante que vejamos a novidade e o potencial que carregam os “mosaicos” na reconstrução e recomposição da nossa relação como seres humanos com a biosfera. A própria ideia dos “mosaicos” precisa ser abraçada pela sociedade, por toda cidadania ativa, pelo que traz de questionamento sobre os modos como nos organizamos, produzimos, e a necessidade de mudança de rumo, isto se nos preocuparmos com a justiça socioambiental e com a sustentabilidade da vida, de todas as formas de vida e do próprio planeta.
Ao reconhecer que áreas próximas de um mesmo bioma (de algum modo protegidas, mesmo se descontínuas, mas compartindo bacias hidrográficas e apresentando semelhanças e interdependências quanto aos ciclos da natureza e da vida), a criação dos “mosaicos” põe em destaque algo essencial nos territórios onde vivemos: o que são e como podem ser conformados os nossos bens comuns naturais, indispensáveis à continuidade da vida. Ser mosaico não é algo intrínseco. Somos nós, em última instância, que criamos o mosaico no esforço de preservar parte de um bem comum que ainda resiste e que pode ser regenerado. Aliás, o próprio caráter de comum não é intrínseco, e nem é um a piori. Ser comum é um resultado, uma consciência e uma prática comum. Os bens comuns não são comuns, mas se tornam comuns socialmente. Os bens comuns são aqueles que as relações sociais identificam e gerem como comuns. A necessidade sentida, almejada e enfrentada coletivamente leva a criar e desenvolver bens comuns. A desenfreada busca de acumulação capitalista privada promove a privatização e a mercantilização de tudo, cerceando e destruindo os bens comuns. O Ibase se engaja junto na viabilização dos “mosaicos” tendo esta motivação.
A Mata Atlântica foi quase extinta, começando pela empreitada da conquista colonial até o desenvolvimento predatório dos dias de hoje. A criação dos Mosaicos da Mata Atlântica só pode ser entendida no bojo de iniciativas que brotaram recentemente no seio da sociedade civil em defesa da Mata Atlântica. Mas a viabilidade dos “mosaicos” traz um grande desafio: precisam ser abraçados e defendidos socialmente como comuns, por todas e todos. Aí sim estaremos dando um passo decisivo na inversão de um lógica secular predatória e destrutiva. Afinal, resgatar e regenerar os “mosaicos” como nossos bens comuns naturais é mais do que resistir ao capital, é criar condições de outro modo de vida.
Na verdade, é impossível pensar os “mosaicos” e lutar por eles se não forem vistos e integrados como bem comum do território de que são parte. De uma perspectiva socioambiental, os territórios precisam ser vistos, eles mesmos, como bem comum, como espaços de vida humana que, como nos lembrou o nosso grande Milton Santos, combinam condições objetivas (suas características naturais únicas e o que nelas já foi fixado pela ocupação humana passada) com a ação humana do presente. Não são espaços físicos em si, mas espaços geográficos dinâmicos, com história humana passada e história humana em construção pela ação atual. O uso humano do território, predatório ou sustentável, qualifica a sua organização e lhe dá sentido histórico. Estamos diante do modo de ocupar e usar o espaço natural, de organizá-lo enquanto território humano, de vida em movimento. Portanto, a viabilidade dos “mosaicos” passa por nós, que estamos nos territórios e deles dependemos, assumirmos e lutarmos pelos “mosaicos” como bem comum. Mas para isto, ao mesmo tempo, precisamos resgatar o conjunto do território, dando-lhe um sentido de bem comum construído, e também precisamos romper com a lógica dominante ameaçadora de acaparamento, mercantilização, privatização e concentração de tudo, sem limites em sua capacidade destrutiva.
Repito aqui o que venho afirmando, como dirigente do Ibase, e sobretudo como militante de uma nascente cidadania planetária. A relação com a natureza, como condição do próprio viver, é de dependência e troca. As formas desta relação são diversas, tanto porque a biosfera e as condições naturais variam de um lugar a outro, como porque nós mesmos, criadores de cultura, de estruturas e relações, de economias e de poderes, somos muito diversos em nossa comum humanidade de dimensões planetárias. Os territórios, nas cidades ou no meio rural, exprimem esta diversidade resultante da simbiose, que se renova historicamente, de seres humanos com a natureza, a Mãe Terra, na radical expressão indígena. Voltar a nos ver como parte dos territórios, como nosso locus de existência, com suas possibilidades e limites, seus conflitos e sua história, pode ser o caminho de refazer e reconstruir a relação sociedade-natureza no respeito mútuo, de trocas vitais que reproduzem e regeneram, sem destruir. Trata-se de fazer um percurso mental e prático de relocalização, reterritorialização e redescoberta dos laços que nos unem ao bem comum natural em que nos inserimos e, com base nele, dos laços de convívio social e cultural, num planeta humanizado de interdependências, de responsabilidades e direitos compartidos, do local ao mundial, com justiça socioambiental, sustentabilidade e cidadania de todas e todos, de bem com a vida*.
Olhando atentamente para as lutas socioambientais nos territórios, a gente vê emergirem os pilares que precisam ser fortalecidos democraticamente em vistas da sustentabilidade da vida e do planeta. A luta democrática pelo resgate de bens comuns naturais, aqui identificados como “mosaicos”, é portadora de desafios, imaginários e direções para a necessária transição a paradigmas civilizatórios bioéticos, que, enquanto humanidade, precisamos fazer desde aqui e desde já. É nesta perspectiva maior que vejo o Ibase engajado com o projeto dos Mosaicos da Mata Atlântica.
Por Cândido Grzybowski
Sociólogo, diretor do Ibase
Retirado do site: http://www.ibase.br/pt/2014/05/mosaicos-e-territorios/

Eleição Colegiado Coordenador do Mosaico Carioca


No dia 15 de maio de 2014 o Mosaico Carioca de Áreas Protegidas esteve reunido com seu corpo de conselheiros consultivos no IBASE, situado no Clube de Engenharia, para eleger seu Colegiado Coordenador. Após meses de muito trabalho e dedicação da equipe do IBASE, o Mosaico Carioca já conta com seu Regimento Interno aprovado, um Plano de Trabalho relativo a Emenda Parlamentar, consignada pelo Deputado Alessandro Molon, e um Plano de Ação, a ser discutido nas próximas reuniões, para execução de trabalhos pelo Colegiado Coordenador até 2017.

Os Conselheiros que passam a compor o Colegiado Coordenador são:

Marcelo Andrade (Mona Pão de Açúcar)
Carlos Dário (Parque Estadual do Mendanha)
Daniel Tófoli (Parque Nacional da Tijuca)
Washington Adan - Gaúcho (Rede Carioca de Agricultura Urbana)
Ingrid Pena (Associação de Amigos do Mosaico Carioca)
Cristina Borges (Eco-marapendi)

Deixamos registrado nosso agradecimento aos Conselheir@s e ao IBASE por toda dedicação e tempo empreendidos para estas conquistas.

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Zimbábue, uma viagem para a Conservação.

A viagem da delegação brasileira à África continua e dessa vez o desembarque foi na sede do Zimbawe National Parks and Wildlife Management Authority (ZNPWMA). Este órgão se destaca dentre as entidades de gestão de áreas protegidas por priorizar as atividades de campo. Assim, apresentam uma perspectiva interessante de suas políticas de recrutamento e treinamento, geração de recursos para o turismo e estratégias de investigação de crimes ambientais e operações anti-caça.


Atividades de Campo desenvolvida pela equipe no Zimbábue com a delegação brasileira.

Além disso, o ZNPWMA possui arranjos de cooperação para o manejo de um mosaico internacional de áreas protegidas. Os parques nacionais de Gonarezhou, no Zimbábue, Kruger, na África do Sul, e Limpopo, em Moçambique, formam juntos o Parque Transfronteiriço do Limpopo. Esta experiência de cooperação foi alvo de grande interesse da delegação brasileira, que também se dedica a implementar uma gestão integrada semelhante para as 28 áreas protegidas que compõem o Mosaico Carioca.

Outro modelo de gestão observado no Zimbábue foi durante a visita ao Malilangwe Conservancy. Sua missão conjuga conservação ambiental com o compromisso de ser um agente indutor da qualidade de vida das populações do entorno. Esta unidade de conservação emprega trezentos moradores das comunidades e parte substantiva do seu orçamento, que é proveniente de ecoturismo e doações, é investida em educação ambiental ou em cursos profissionalizantes. A visita a Malilangwe impressionou, sobretudo, pela capacidade da unidade de conservação (assim como Gonarezhou) de conjugar visitação com conservação, equação muitas vezes difícil de ser aplicada no Brasil, cujos parques e reservas ainda têm políticas e estruturas de ecoturismo muito aquém de seu potencial.

Acampamento no Zimbábue.

No cômputo geral, o intercâmbio com o Zimbábue foi especialmente interessante para a troca de conhecimentos nas experiências de reintrodução de espécies localmente extintas, combate a queimadas e pela oferta do governo do Zimbábue de treinar um grupo de brasileiros nas atividades de fiscalização contra a caça.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

Implantação da Trilha Transcarioca

Os Mutirões para a implantação da Trilha Transcarioca já são um sucesso. O primeiro ocorreu no dia 22 de fevereiro de 2014 e contou com a participação de voluntários sinalizando o trecho inicial da trilha, Barra de Guaratiba x Pedra do Telégrafo. O evento foi coordenado pela Associação de Amigos do Mosaico Carioca, o Mosaico Carioca de Áreas Protegidas e a SMAC. Contamos também com o apoio do INEA (Parque Estadual da Pedra Branca - PEPB).

Dando continuidade a esta implantação foi realizado o 2° Mutirão de Sinalização, no dia 05 de abril de 2014, no trecho Pedra do Telégrafo x Praia do Perigoso. Mais uma vez contamos com a ajuda de voluntários que realizaram atividades de manejo de trilha, sinalização, carregamento de materiais e monitoramento. Guardas e funcionários do PEPB também foram fundamentais para o sucesso deste mutirão.

Nós, do Mosaico Carioca de Áreas Protegidas, estendemos nossos agradecimentos a todos os Voluntários, ao Gestor do Parque Natural  Municipal de Grumari, Alexandre Chagas, à SMAC, ao INEA, PEPB e Associação de Amigos do Mosaico Carioca.

É um trabalho gradual que pouco a pouco vai ganhando forma e concretizando nossa querida Trilha Transcarioca, esperamos que muitos visitantes possam passar por ela e desfrutar de suas belezas e encantos.

Seguem algumas fotos e se você ficou interessado em participar como voluntário entre em contato com a gente pelos e-mails: voluntariadomosaicocarioca@gmail.com ou mosaico.carioca@gmail.com








quinta-feira, 8 de maio de 2014

África do Sul, uma viagem para a Conservação.

A viagem da delegação brasileira à África do Sul com o objetivo de conhecer as políticas de segurança e manutenção de Parques Nacionais, com especial ênfase para as trilhas de longo percurso, foi mais um passo dentro da longa trajetória de cooperação entre os dois países que já dura quinze anos.

Na última década, várias delegações realizaram atividades de treinamento, congressos e seminários voltados à questão das unidades de conservação nos meios urbanos. As cidades do Cabo, na África do Sul, e do Rio de Janeiro foram alvos dessa parceria devido a sua similaridade. Ambas compartilham características geográficas e abrigam grandes áreas verdes em seu território, respectivamente, o Parque Nacional da Montanha da Mesa e o Parque Nacional da Tijuca.

Teleférico da Montanha da Mesa e Cidade do Cabo ao fundo.

A experiência da delegação brasileira neste país foi muito oportuna para a implantação da Trilha Transcarioca, pois a Hoerikwaggo, também de longo percurso, já se encontra em funcionamento e recebendo cada vez mais turistas desde o fim da Copa do Mundo de 2010, que teve lugar na África do Sul. O que mostra um legado valioso que o Rio de Janeiro pode desfrutar depois dos grandes eventos que sediará.

A Hoerikwaggo possui pouco mais de 87 Km e ao longo de seu percurso conta com cinco abrigos cuidadosamente planejados para combinar perfeitamente com o ambiente natural. Estes abrigos são paradas de descanso para os turistas que decidem fazer a trilha e contam com camas, banheiros e lugares para alimentação. Os abrigos foram estruturados com recursos públicos e são operados diretamente pelo pessoal do Parque.

O abrigo Smitswinkel, um dos quatro Tended Camps da Trilha Hoerikwaggo.

O acesso ao parque é controlado e o número de visitantes registrado nas três únicas entradas. O parque possui um protocolo de segurança diferenciado para cada tipo de trilha, que é responsabilidade exclusiva dos guarda-parques. São cerca de sessenta homens que percorrem diariamente todas as trilhas e estão preparados para combater ações terroristas, traficantes, ladrões e a supressão de fauna e flora.

Trilhas pavimentadas facilitando a locomoção dos visitantes. O equilíbrio entre permitir a acessibilidade e reduzir nosso impacto no ambiente é tênue e deve ser feito com extremo cuidado.

As trilhas são, em sua maioria, pavimentadas, em função do uso massivo pelos visitantes, e a atividade do mountain bike é permitida em algumas delas. A cobrança de ingressos se restringe a alguns pontos com maior atratividade turística, como a colônia de pingüins-africanos que se instalou em 1982 em Bolders Beach, uma praia abrigada composta por pequenas enseadas entre rochedos de granito.

Colônia de Pinguins.

Durante a trilha existem diversos mirantes para a cidade do Cabo e às praias e montanhas do parque. No caminho observamos a simplicidade da sinalização, a rusticidade no uso de materiais e o manejo que viabiliza seu uso para pessoas com alguma restrição física. Foi possível observar o padrão e a intensidade da sinalização, que assim como a Transcarioca também utiliza totens com o logotipo da trilha. Os totens são utilizados apenas em bifurcações ou quando não há bifurcações em trechos muito longos. Áreas de pic-nic e um plano inclinado no Cabo da Boa Esperança que permite a visita ao seu antigo farol também foram visitados.

Exemplo de Totem da Trilha na África do Sul. Sinalizações semelhantes já estão sendo implantadas na nossa Transcarioca.

Por fim, todas as atividades relativas ao planejamento, organização e implementação relacionadas ao aumento da visitação e à segurança das unidades de conservação que compõe o Parque foram discutidas em conjunto com a Prefeitura da Cidade do Cabo e demais instituições envolvidas, gerando planos de evacuação, gestão de desastres, coordenação de tráfego, comunicação e mídia, e áreas de responsabilidade mútua, o que permitiu que o Parque Nacional da Montanha da Mesa e a Trilha Hoerikwaggo se tornassem referências mundiais na gestão de unidades de conservação.